
Antes da entrada de Bento XVI na sala, o secretário do
Conselho Pontifício para os Leigos, Mons. Josef Clemens, leu o decreto de
aprovação das celebrações deste itinerário de redescoberta do batismo incluídas
no diretório catequético aprovado pela Santa Sé em Janeiro de 2011.
Além disto, o Papa enviou 17 novas “missio ad gentes” e
entregou a cada um de seus presbíteros uma cruz com a qual tem incentivado a
missão.
Um momento importante foi à execução da orquestra sinfônica
do Caminho Neocatecumenal de alguns pequenos pedaços dos movimentos “Espada" e
“Resurrexit" da obra composta de Kiko Argüello, “O Sofrimento dos
Inocentes".
Kiko Argüello dirigiu ao Santo Padre o seguinte discurso:
“Caríssimo Padre, estamos felizes, contentíssimos da sua presença no meio de
nós, e de sua benevolência e amor em nos ter concedido esta audiência.
Durante esta, pouco antes de sua chegada Mons. Clemens em
nome do Conselho Pontifício para os Leigos leu para nos o decreto de aprovação
daquelas celebrações que acompanham as diferentes etapas de crescimento na fé
que são incluídas no Diretório Catequético do Caminho Neocatecumenal.
Como formar um cristão adulto, capaz de responder os
desafios do relativismo e da secularização que hoje em dia nos cercam? O
Caminho abre nas paróquias um caminho de crescimento na fé, que percorre as
etapas do batismo seguindo em suas linhas gerais o “Ordo Initiationis
Christianae Adultorum”. Este caminho e
tudo comemorativo por que o autor do novo homem em nós é o Espírito Santo.
Palavra, Liturgia e Comunidade, são os três pilares que sustentam a vida
cristã. Vivemos o nosso percurso de fé em uma pequena comunidade como os
primeiros cristãos. Nós vemos a urgência de passar, nas paróquias, de uma
pastoral sacramental a uma pastoral de evangelização, e por isso e preciso
criar comunidades cristãs que mostre ao mundo o amor de Deus encarnados em nós:
“olhais como se amam’’, gritavam os pagãos em direção à igreja antiga. Muitas
pessoas não querem vir na igreja, mas vem em nossas casas, atraídos de nossas maneiras
de relacionarmos, das nossas relações no espírito Santo. A prova da validade da
iniciação cristã que Deus, aos poucos, foi construindo conosco são estas famílias
que hoje vão para as “missio ad gentes’’, em lugares do mundo muito difíceis,
como podem ser os aborígenes da Austrália, o Gabão na África, como são as
periferias de Viena, ou de Marselha, no meio de muitos mulçumanos, etc. A “missio
ad gentes’’ é uma nova forma da presença da igreja do mundo. Foi-nos solicitada
pelos bispos, alguns dos quais estão aqui hoje, e somos muito contentes e os
cumprimentamos com muito carinho: Antes que o senhor chegasse falávamos deles e
agora queríamos dar-lhes uma salva de palmas; tem alguns cardeais e cerca de 50
bispos. Além dos cardeais presentes, ao patriarca dos armênios, Nerses Bedros
Tarmouni XIX, aos cinco arcebispos e vinte e sete bispos, agora, Santo Padre,
vou apresentar-lhe um pouco a assembléia.
Estão aqui presentes as famílias que vão na “Missio ad
Gentes”, ali tem um pequeno cartaz com todos os destinos:
França
- Alby
- Nice
- Baiona
- Toulon
- Estrasburgo
Bélgica
- Antuérpia
Eslovênia
- Ljubljana
Bósnia
- Sarajevo
Estônia
- Tallin
Áustria
- Viena
USA (Boston)
- Lawrence
- Cambridge
- Brockton
Venezuela
- Guiria
Grã-Bretanha
- Manchester
São famílias que formam comunidades que partem com todos
seus filhos, acompanhados de um presbítero que vão às áreas completamente
secularizadas onde não tem a presença da Igreja.

Escutamos estas famílias que estão em missão já há seis
anos, e estamos comovidos. Escutamos as “Missio ad Gentes” de Amsterdam, de
Kemnitz e de outros lugares, depois de seis anos os pagãos começaram a
aproximar-se e formaram comunidades, pequenas comunidades de pessoas que não
conheciam Cristo. Eles chegam muito feridos, as pessoas estão destruídas, muito
destruídas, chegam divorciados, alcoolizados, vem por que se sentem acolhidos
por nós. Muitos falaram: “Eu agradeço vocês, por que nunca teria entrado em uma
Igreja”... Ficamos comovidos. Deus esta fazendo conosco uma obra que
verdadeiramente não merecemos, somos todos pobres pecadores.

Depois de ter escutado o evangelho (Mt. 28, 1-20) e os movimentos “Espada” e “Resurrexit” da sinfonia “O Sofrimento dos Inocentes”, o Santo Padre dirigiu estas palavras à assembleia.
“Prezados irmãos e irmãs
Também este ano tenho a alegria de poder encontrar-me e
compartilhar convosco este momento de envio para a missão. Dirijo uma saudação
particular a Kiko Argüello, a Carmen Hernández e a Pe. Mario Pezzi, bem como
uma saudação carinhosa a todos vós: sacerdotes, seminaristas, famílias,
formadores e membros do Caminho Neocatecumenal. A vossa presença hoje é um
testemunho visível do vosso compromisso jubiloso de viver a fé, em comunhão com
toda a Igreja e com o Sucessor de Pedro, e de ser anunciadores intrépidos do
Evangelho.
No trecho de são Mateus que ouvimos, os Apóstolos recebem
uma ordem específica de Jesus: “Ide, pois, e fazei discípulos de todas as
nações” (Mt 28, 19). Inicialmente tinham duvidado, no seu coração ainda havia
incerteza, o deslumbramento diante do acontecimento da Ressurreição. E é o
próprio Jesus, o Ressuscitado — ressalta o Evangelista — que se aproxima deles,
que faz sentir a sua presença, que os envia a ensinar tudo aquilo que lhes
tinha comunicado, infundindo uma certeza que acompanha todos os anunciadores de
Cristo: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,
20). São palavras que ressoam fortes no vosso coração. Entoastes o Resurrexit,
que exprime a fé no Vivente, naquele que, num gesto supremo de amor, venceu o
pecado e a morte, oferecendo ao homem, a nós, o entusiasmo do amor de Deus, a
esperança de sermos salvos, um futuro de eternidade.
Nestas décadas de vida do Caminho, um vosso compromisso
firme constituem proclamar Cristo Ressuscitado, em responder às suas palavras
com generosidade, abandonando com frequência seguranças pessoais e materiais,
deixando também os próprios países, enfrentando situações novas e nem sempre
fáceis. Levar Cristo aos homens e conduzir os homens para Cristo: é isto que
anima hoje a obra evangelizadora. Vós realizai-lo num percurso que ajuda a
fazer redescobrir a quantos já receberam o Batismo, a beleza da vida de fé, a
alegria de serem cristãos. “Seguir Cristo” exige a aventura pessoal de O
procurar, de caminhar com Ele, mas requer sempre também que abandonemos o
fechamento do nosso ego, eliminando o individualismo que muitas vezes
caracteriza a sociedade do nosso tempo, para substituir o egoísmo com a
comunidade do homem novo em Jesus Cristo. E isto acontece numa profunda relação
pessoal com Ele, na escuta da sua palavra, no percorrer o caminho que Ele nos
indicou, mas verifica-se também inseparavelmente no crer com a sua Igreja, com
os seus santos, nos quais se dá a conhecer sempre de novo o verdadeiro rosto da
Esposa de Cristo.
Trata-se de um compromisso — como sabemos — nem sempre
fácil. Às vezes estais presentes em lugares onde há necessidade de um primeiro
anúncio do Evangelho, a “missio ad gentes”; muitas vezes, ao contrário, em
regiões que, embora tenham conhecido Cristo, se tornaram indiferentes à fé: o
secularismo fez desaparecer nelas o sentido de Deus e ofuscou os valores
cristãos. Aqui o vosso compromisso e o vosso testemunho sejam como o fermento
que, com paciência, respeitando os tempos, com o “sensus Ecclesiae”, faz crescer
toda a massa. A Igreja reconheceu no Caminho um dom especial que o Espírito
Santo concedeu à nossa época, e a aprovação dos Estatutos e do “Diretório
Catequético” são disto um sinal. Encorajo-vos a oferecer a vossa contribuição
original para a causa do Evangelho. Na vossa obra preciosa, procurai sempre uma
comunhão profunda com a fé apostólica e com os pastores das igrejas
particulares, nas quais estais inseridos: a unidade e a harmonia do Corpo
eclesial constituem um testemunho importante de Cristo e do seu Evangelho no
mundo em que vivemos.

Há pouco foi lido o Decreto com que são aprovadas as
celebrações presentes no “Diretório Catequético do Caminho Neocatecumenal”, que
não são estritamente litúrgicas, mas fazem parte do itinerário de crescimento
na fé. É mais um elemento que vos mostra como a Igreja vos acompanha com
atenção, num discernimento paciente que compreende a vossa riqueza, mas olha
também para a comunhão e para a harmonia de todo o “Corpus Ecclesiae”.
Este fato oferece-me a ocasião para um breve pensamento
sobre o valor da Liturgia. O Concílio Vaticano II define-a como a obra de
Cristo sacerdote e do seu Corpo, que é a Igreja (cf. Sacrosanctum Concilium,
7). À primeira vista, isto poderia parecer estranho, pois tem-se a impressão de
que a obra de Cristo designa as obras redentoras históricas de Jesus, a sua
Paixão, Morte e Ressurreição. Então, neste sentido, a Liturgia é obra de
Cristo? A Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus constituem apenas
acontecimentos históricos; alcançam e imbuem a história, mas transcendem-na e
permanecem sempre presentes no Coração de Cristo. No gesto litúrgico da Igreja
encontra-se a presença concreta de Cristo Ressuscitado, que torna presente e
eficaz para nós, hoje, o próprio Mistério pascal, para a nossa salvação;
atrai-nos neste gesto de dom de Si, que no seu Coração está sempre presente e
nos faz participar nesta presença do Mistério pascal. Esta obra do Senhor
Jesus, que é o verdadeiro conteúdo da Liturgia, o entrar na presença do
Mistério pascal é também obra da Igreja que, sendo seu Corpo, é um único
sujeito com Cristo — Christus totus caput et corpus — reza santo Agostinho. Na
celebração dos Sacramentos, Cristo imerge-nos no Mistério pascal a fim de nos
fazer passar da morte para a vida, do pecado para a existência nova em Cristo.

Ânimo! O Senhor não deixa de vos acompanhar, e também eu vos
asseguro a minha oração e vos agradeço os numerosos sinais de proximidade.
Peço-vos que vos recordeis também de mim nas vossas preces. A Santa Virgem
Maria vos assista com o seu olhar materno e vos sustenha a minha bênção
apostólica, que faço extensiva a todos os membros do Caminho Neocatecumenal
espalhados pelo mundo. Obrigado!"
FONTE: (http://neokatechumenat.net/)
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