Em histórica audiência na Praça de São Pedro, Bento XVI despediu-se dos fiéis na manhã de ontem, quarta-feira, 27.
Recordando a data em que foi eleito Papa, dia 19 de abril de 2005, há quase oito anos, Bento XVI declarou que sentiu cotidianamente a presença de Deus durante todo esse período.
"Foi um trecho do caminho da Igreja que teve instantes de alegria e de luz, mas também momentos difíceis; tempos de sol e brisas leves, em que a pesca foi abundante, e momentos em que as águas estiveram agitadas e o vento contrário. Mas eu sempre soube que naquele barco estava o Senhor e que o barco não era meu, nem de vocês, mas Dele, que não o deixa naufragar. É Ele que o conduz, certamente através também dos homens que escolhe, porque os quer. Esta foi e é uma certeza que nada pode ofuscar. E é por isso que hoje meu coração está pleno de graças a Deus, porque nunca fez faltar à Igreja e a mim o seu consolo, sua luz e seu amor", afirmou.
"Agradecimentos e razão de alegria
Um Papa nunca está sozinho no timão do barco de Pedro, embora esta seja a sua primeira responsabilidade", ressaltou o pontífice dizendo também que nunca se sentiu sozinho. "O Senhor colocou a meu lado muitas pessoas que com generosidade e amor a Deus e à Igreja, me ajudaram, estando perto de mim."
Bento XVI agradeceu aos Cardeais, Bispos, sacerdotes, religiosos, autoridades, diplomatas, jornalistas e a todos os fiéis dizendo ter sentido o carinho manifestado por todos em suas visitas pastorais, encontros, audiências e viagens.
"O Papa pertence a todos e muita gente se sente próximo a ele. Recebo cartas de Chefes de Estado, de líderes religiosos, mas também de pessoas simples, que querem enviar-me o seu afeto, que me escrevem como se escrevessem a um irmão, irmã, filho ou filha, com quem mantêm uma relação ‘familiar' muito carinhosa. Viver a Igreja assim é razão de alegria nestes tempos em que tanto se fala de declínio", reforçou.
Logo depois explicou a decisão que tomou no último dia 11 de renunciar ao pontificado. Após sentir que suas forças estavam se esvaindo, rogou a Deus que o iluminasse afim de optar pelo que fosse mais justo para o bem da Igreja. "Fiz este passo na plena consciência de sua gravidade e da novidade, mas profundamente tranquilo no espírito. Amar a Igreja significa também ter a coragem de tomar decisões difíceis, tendo sempre em vista o bem da Igreja e não de si próprio."
O Papa frisou que "quem assume o ministério petrino perde a sua privacidade; passa a pertencer sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja. A dimensão privada é excluída de sua vida. Eu pude perceber, e percebo especialmente agora, que ao doar a própria vida, nós a recebemos". Apesar disso, Bento XVI explicou que sua decisão não implica no seu retorno à vida privada. "Não terei mais viagens, audiências, conferências, etc; mas não abandonarei a Cruz, continuarei junto ao Senhor Crucificado, de um modo novo. No ofício da oração, permanecerei no ‘espaço' de São Pedro. São Bento, cujo nome adotei como Papa, será um grande exemplo para mim. Ele mostrou o caminho para uma vida que, ativa ou passiva, pertence totalmente à obra de Deus."
Ao término da audiência, Bento XVI despediu-se dos fiéis presentes assegurando que acompanhará a Igreja com orações e reflexões. Além disso, exortou a todos que rezem pelos Cardeais e pelo próximo Sucessor do Apóstolo São Pedro.
Um resumo de sua catequese foi lido em francês, inglês, espanhol, alemão, árabe, polonês, croata, tcheco, romeno, eslovaco e português.
Uma maré de peregrinos inunda a Praça de São Pedro:
Última catequese com o Papa:
O Papa se despede agradecido diante de 200.000 peregrinos:
FONTE: (http://www.gaudiumpress.org/)
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